Olhar pela janerla

- A lua já está no céu, é lua cheia! Está linda... dá vontade de ir até lá...
- Quem sabe um dia.
- Sim, quem sabe...

Hoje a Lua está particularmente bela e grande, parece mais perto da Terra do que é costume.

Perdida

Uma gota chega lentamente ao chão, outra segue o mesmo destino, ambas com a mesma origem, ambas lágrimas de uma coração ferido, ambas dor...
Ela olha em todas as direcções, procura algo que não existe ali, perde as forças. Não consegue avançar mais, cai também ela no chão, no meio das suas lágrimas e vê-se rodeada de branco ... serão nuvens?
É macio, é diferente de tudo o resto, é vasto ... parece não ter fim todo aquele mundo, toda aquela dor, toda aquela tristeza.

- Onde estás!? Posso sentir-te aqui, sei que estás aqui mas não consigo te encontrar, diz-me onde estás, por favor ... não aguento mais ...

O eco repete-se, mesmo com um simples sussurrar profundo e leve, o eco repete-se por toda aquela vastidão. Será que vai chegar ao destino?

- Porque estou perdida? O que aconteceu? Não consigo lembrar-me...
- O mundo mudou.
- És tu? Eu ouvi-te, mas não te vejo... Não foi o eco, porque não se repetiu, ou será que foi?... Por favor, aparece...
- Não posso, por mais que queira não posso, estou preso no vazio.
- Vazio!?

E tudo ficou negro ... todas as nuvens desapareceram, todo o vasto se tornou no interminável.

- Será isto o vazio?
- Não! É o fim e o início de tudo, é aqui e agora o momento de te libertares.
- Não irei sem ti!
- Só se fores livre eu poderei libertar-me!
- Como faço isso? Como te tiro daqui?

Uma luz surgiu do fundo, uma luz que não deixava ver nada ... e ela acordou ... deitada no quarto.

- Um sonho!? Não ... se fosse um sonho não estaria sem ti ... o que foi que aconteceu? Volta para mim em segurança...

Ela olhou para a janela, a chuva abrandou, as nuvens escuras começaram a desaparecer dando lugar ao sol.

- Agora sim ... sei que estás bem! Sei que vais voltar para mim.

Sentiu um calor em torno dela que a abraçou e mais um dia começou com a única certeza que não existem certezas...